quarta-feira, 5 de setembro de 2007

Na moral, na moral...

Uma das primeiras coisas que você aprende quando me conhece é o quanto eu abomino Jota Quest. Não que eu faça tanta questão assim de falar sobre a banda, mas é que, para meu desprazer, ela tem uma presença muito mais constante em nossas vidas diárias do que eu desejaria. Toda vez que você vai a um casamento, formatura, festa de 15 anos, a banda ridícula contratada para a ocasião faz questão de tocar alguns dos sucessos dos mineiros. Toda vez que você anda pelas ruas da cidade, existe um camelô vendendo o CD pirata do Jota Quest. Toda vez que você convida alguém que não te conhece muito pro seu aniversário, você acaba ganhando de presente um DVD do Jota Quest (porque as pessoas partem do princípio de que todo mundo gosta da banda). Como eu não consigo me controlar, eu sempre acabo gritando ao mundo em todas as ocasiões que eu odeio muito o diabo do Jota Quest.

Essa repulsa já gerou vários e vários momentos de discussão musical. Já gerou até mal-estar com fãs mais empolgados da banda. Meu colega Benignus, que também me acompanha na tarefa de odiar o vocalista gordinho, já sofreu junto a mim em situações assim.

Eu dou tanto azar que, uma vez, no aeroporto de São Paulo, sentada sozinha na sala de embarque, quem passa ao meu lado??????? Quem, quem???? Rogério Flausino, o terrível líder da banda. E o pior é que ele vinha com aquele caminhar de popstar, tirando uma onda absurda... quase joguei minha mala em cima do cara.

Para você ter noção de quanto tempo faz que esses mineiros metidos a músicos fazem parte da minha vida, volto ao ano de 1997. Você conhecia Jota Quest? Pois então... minha mãe havia me matriculado em um caríssimo curso de “Liderança para Jovens”. Um negócio muito chique, do Dale Carnegie, para transformar adolescentes em líderes e profissionais do futuro. Quase não me lembro de nada que aprendi nesse curso. Mas, de uma coisa eu lembro bem: o instrutor era mineiro e chamava-se Luis. Um dia, o Luis contou uma história de que ele gostava muito de música e tinha tido uma banda com amigos quando ainda morava em BH e era bem mais jovem. A banda terminou e alguns membros acabaram entrando para novas bandas. Um dos membros em questão é o baterista do Skank. Daí, todo mundo na sala pensou: “nooooossa!!”. Então Luís prosseguiu com a historinha e disse: “um outro membro da banda faz parte hoje de um grupo que está começando a fazer sucesso, do qual vocês em breve vão ouvir falar: o J. Quest (na época, ainda antes de uma ameaça de processo por estarem copiando o nome do desenho animado, a banda ainda era “Jey” Quest).

Há um mês mais ou menos, estava eu sentada na sala de espera de um consultório médico, feliz e contente, quando naquelas telas planas grudadas na parede surge o DVD com TODOS, repito: TODOS, os clipes do Jota Quest. Não precisa nem dizer a médica demorou quase uma hora pra me atender e enquanto isso me deliciei com os seguintes hits da música brasileira:

“Não alimento amor por telefone / isso é ilusão / Não adianta falar de amor ao telefone / isso é ilusão / Pra que tanto telefonema / se o homem inventou o avião (???????????) / Pra você chegar mais rápido / ao meu coraçãoSério!!! O nome da música é “Tele-fome”!

“O telefone é 3555 / a casa dela é na avenida 35”Essa é campeã!

“Na moral / na moral (só na moral) / (...) Quando tudo parece não ter lógica / Bombas de amor, tiros de amor, drogas de amor”Meu Deus, por que me abandonaste?

"E o ar, oxigênio / Mesmo com a fumaça / Oxigênio / Mesmo com a fumaça / Oxigênio / Mesmo com a fumaça / dá pra ver / a incessante sinfonia da floresta / respirando pelo mundo / vendo tudo acontecer" - Não dá nem vontade de comentar.

O assunto do Jota Quest me voltou à cabeça hoje. Há três dias, comecei em um novo trabalho. Em minha sala trabalham apenas mais três pessoas. E não é que um dos colegas passou a tarde inteira cantando que “tá faltando emprego no planeta dos macacos”...

5 comentários:

Anônimo disse...

Já entendi que você abonina o J Quest. principalmente citou as piores músicas deles. Mas o que dizer de : Essa não é mais uma carta de amor, são pensamentos soutos, traduzidos em palavras, para que você possa entender, o que eu também não entendo" ?

Galega disse...

"Anônimo", respeito o fato de você gostar do J Quest, mas queria ressaltar que, até onde eu sei, essa letra não é de autoria da banda... Ah, e os pensamentos são "soltos", e não "soutos"...

Benignus disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Benignus disse...
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Benignus disse...

Muito bom, Marie! Na moral, o que eu também não entendo é como é extremamente fácil para as pessoas gostar dessa banda.