sexta-feira, 29 de junho de 2007

Menos Direito, Mais São Pedro

A pedidos de meu caro Benignus, resolvi homenagear o meu santo onomástico hoje – São Pedro –, no seu dia, 29 de junho, com um post em nosso Blog. Aliás, singular esta homenagem, não acham? Quem diria que um dia, “presentearíamos” nossos queridos – sim, eu sou um fã, além de devoto, de São Pedro – com uma coleção de bits e bytes? Anyway...

A Igreja Católica comemora hoje a figura de Shimon Bar-Yonah, também conhecido como Simão Pedro nesta língua que é a última flor do Lácio. Simão Pedro é um dos doze apóstolos escolhidos por Jesus para evangelizar – ou seja, espalhar a “boa nova” – aos judeus (e posteriormente aos estrangeiros) da época. O Evangelho de São Mateus menciona, em seu capítulo 4, versículos 18 a 20, o “chamado” de Pedro: “Caminhando ao longo do mar da Galiléia, viu dois irmãos: Simão (chamado Pedro) e André, seu irmão, que lançavam a rede ao mar, pois eram pescadores. E disse-lhes: Vinde após mim e vos farei pescadores de homens. Na mesma hora abandonaram suas redes e o seguiram.” A passagem – extremamente sucinta – sempre me chama a atenção, mas é típica de Mateus, sendo mais direta (mais jovem, mais prática, como diria Ruth Lemos). São Lucas – meu evangelista favorito – elabora, por sua vez, um pouco mais o relato (coisa típica de um cientista, de um médico, para ser mais exato), dizendo, no capítulo 5, versículos de 1 a 11, que “estando Jesus um dia à margem do lago de Genesaré, o povo se comprimia em redor dele para ouvir a palavra de Deus. Vendo duas barcas estacionadas à beira do lago, - pois os pescadores haviam descido delas para consertar as redes -, subiu a uma das barcas que era de Simão e pediu-lhe que a afastasse um pouco da terra; e sentado, ensinava da barca o povo. Quando acabou de falar, disse a Simão: Faze-te ao largo, e lançai as vossas redes para pescar. Simão respondeu-lhe: Mestre, trabalhamos a noite inteira e nada apanhamos; mas por causa de tua palavra, lançarei a rede. Feito isto, apanharam peixes em tanta quantidade, que a rede se lhes rompia. Acenaram aos companheiros, que estavam na outra barca, para que viessem ajudar. Eles vieram e encheram ambas as barcas, de modo que quase iam ao fundo. Vendo isso, Simão Pedro caiu aos pés de Jesus e exclamou: Retira-te de mim, Senhor, porque sou um homem pecador. É que tanto ele como seus companheiros estavam assombrados por causa da pesca que haviam feito. O mesmo acontecera a Tiago e João, filhos de Zebedeu, que eram seus companheiros. Então Jesus disse a Simão: Não temas; doravante serás pescador de homens. E atracando as barcas à terra, deixaram tudo e o seguiram.”

São Pedro sempre me chamou a atenção. Ele é o homem dos rompantes, do choro fácil, das reações emocionais. Na cura da mulher que sofria de hemorragia (Lucas, 8, 43), é ele quem retruca a Cristo que pergunta “quem me tocou?”, uma pergunta no mínimo estranha, considerando que Jesus estava no meio da multidão, que o sacudia de um lado a outro; quando Jesus pergunta o que os discípulos pensam dele (Lucas 9,20), é ele quem diz que eles acreditam ser Jesus “o Cristo de Deus”; quando Jesus anuncia que vai morrer, Pedro é quem diz que está pronto a ir com ele "tanto para a prisão como para a morte”, mesmo negando-o três vezes horas depois (Lucas 22,60); quando Jesus quer lavar os pés dos discípulos, Pedro é quem se nega a permitir tal coisa (vale lembrar que a função de lavar os pés era reservada aos servos mais humildes da casa na época); no entanto, quando Cristo responde que “se Eu não tos lavar, não terás parte comigo”, Pedro de súbito pede que Ele lave “não somente os pés, mas também as mãos e a cabeça” (João 13, 9).


Ao contrário do que as biografias nos fazem pensar - pelo seu caráter fortemente laudatório -, os santos (assim nomeados pela Igreja Católica; entre os primeiros cristãos, santos eram todos aqueles que participavam da comunidade – “santo” que é a forma latina de άγιος, hagios, do grego “sagrado”) são pessoas normais. E com São Pedro, jamais tive dúvidas disso. Sempre me identifiquei com os rompantes e com os erros, com as explosões emocionais. Pedro passou para a história como o primeiro líder da Igreja de Roma – e terminou por passar aos romanos (e aos italianos em geral) o sangue quente e o temperamento absolutamente flutuante. Sua lição é, ao menos para mim, que todos podemos ser pessoas melhores e os erros fazem parte do caminho; o que diferencia é a preocupação em buscar sempre o que é correto e não ter medo de voltar atrás quando estivermos errados!

Um abraço a todos e vamos curtir as festas juninas enquanto é tempo!

(São dois os quadros que ilustram este post: o primeiro é de Peter Paul Rubens, pintor belga do século XVII, e a segunda é de Michelangelo Caravaggio, pintor italiano do final do século XVI – aliás, meu pintor favorito!).

Um comentário:

Antonius disse...

Excelente post Petrus!